Os exercícios militares Kavkaz-2012
(Cáucaso-2012) começam nesta segunda-feira na região militar do Sul.
Apesar de abrangerem apenas o território russo e de contarem com a
participação de destacamentos nacionais, passaram a ser um alvo de
polémicas a nível internacional.
A iniciativa partiu da Geórgia ao
declarar que as manobras iriam ameaçar a soberania de Estados
caucasianos. Os receios relacionados com a realização dos exercícios
foram formulados também pelo secretário-geral da OTAN.
Do ponto de vista de Tbilissi, o evento
encerra perigo, antes de mais, para a Geórgia e também para o
Azerbaidjão. O chefe da diplomacia georgiana, Grigol Vashadze, anunciou
que, antes do conflito de augusto de 2008, a Rússia tinha promovido os
exercícios análogos. Naquela altura, o seu principal objetivo era
concentrar as tropas perto da fronteira georgiana para depois, no
momento oportuno, pô-las em ação.
No ano corrente, adianta Vashadze,
Moscou espera "exercer pressão e influir na situação política interna a
fim de afastar do poder o atual governo". Todavia, o diplomata silenciou
o fato, reconhecido há três anos pela comissão de investigação
internacional, das ações de combates terem sido iniciadas pela Geórgia.
Por isso, não há nada de surpreendente nessa acusação a qual carece de
fundamentos, refere o observador militar do periódico russo Izvestia,
Ivan Konovalov.
"Era fácil de prever a reação georgiana
ao evento: a Geórgia tem se preocupado sempre com as manobras militares
naquela região russa. Este é mais um pretexto para atrair a atenção da
comunidade mundial".
Causa uma surpresa maior o facto de que,
nessa questão, Tbilissi foi apoiada pelo secretário-geral da OTAN,
Andres Vog Rasmussen, conforme o qual a Rússia "tem de respeitar a
integridade territorial e a soberania da Geórgia". Além disso, disse
lamentar que a Rússia "não fornecesse à Aliança Atlântica informações
sobre o objetivo dos exercícios".
No entanto, é pouco provável que Moscou
não entenda bem as autênticas razões que originaram esta declaração,
ressalta o chefe do Centro de Conjuntura Política, Serguei Mikheev.
"É uma concessão estimulante para o Sr.
Saakashvili que, até hoje, continua nutrindo ilusões de estar a contar
com o apoio absoluto da comunidade mundial. Na realidade, esta última
não o apoiou no momento oportuno. Presentemente, o Ocidente se manifesta
disposto a solidarizar-se com Saakashvili, pelo que Tbilissi requer
periodicamente quaisquer sinais de atenção. A declaração de Rasmussen é
um destes sinais do Ocidente".
Convém acentuar que a celeuma foi
levantada por causa das manobras que, efetivamente, não terão grandes
proporções. Nos exercícios militares em causa participarão apenas 8 000
soldados e cerca de 3000 carros de combate e peças de artilharia. A
Rússia nem sequer convidou para o efeito os contingentes de suas bases
militares na Arménia, Abkházia e Ossétia do Sul. Mais do que isso, as
manobras realizar-se-ão bem longe da fronteira coma Geórgia.
Segundo esclareceu a propósito o
vice-chefe do Estado-Maior General, Alexander Postnikov, "tal decisão
havia sido tomada para evitar aumento de tensão na região". É pena que
estes passos e asseverações fidedignas não tenham provocado um eco
positivo em Tbilissi.
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