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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Presença militar dos EUA cresce na América do Sul



Seja por meio de bases militares, ajuda econômica no combate ao narcotráfico, atividades conjuntas ou equipes de efetivos norte-americanos, o fato é que operações militares dos Estados Unidos estão presentes em quase todos os países da América do Sul, exceto na Bolívia e na Venezuela. No entanto, para especialistas entrevistados pelo Opera Mundi, o recente acordo militar entre Colômbia e Estados Unidos representa um elemento a mais de ameaça à estabilidade da região.

Para o diretor do observatório político sul-americano do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), Marcelo Coutinho, as bases norte-americanas na Colômbia são um perigo para os  países do subcontinente, principalmente para o Brasil, apesar de não haver um risco imediato. “Não se sabe o motivo [da ampliação das bases], mas o fato suscita preocupação. O Brasil deve ficar atento, pois é um país amazônico”.  Uma das bases, a de Apiay, será instalada na fronteira com o Brasil, na região conhecida como Cabeça do Cachorro.


Já a economista mexicana Ana Esther Ceceña, membro do Conselho Latino Americano de Ciências Sociais, acredita que o acordo significa uma ameaça maior e imediata. “Uma base tem um alcance maior e mais amplo do que sua localidade e permite ampliar o raio de ação, nesse caso a parte sul do continente”. Para Ana Esther, o interesse norte-americano é claro: “os recursos naturais da América do Sul”. Segundo ela, os alvos seriam as reservas de petróleo da Venezuela e do Brasil, o gás da Bolívia, a Amazônia e a água potável, abundante no continente.


O jornalista Andres Oppenheimer, colunista do Miami Herald, tem opinião diferente. Acha que o protesto sul-americano contra o acordo militar deve-se a um erro de relações públicas por parte das autoridades colombianas, já que não haverá bases norte-americanas propriamente ditas no país.


Em artigo publicado dias atrás pela Folha de S. Paulo, ele explica que, ao contrário do que ocorre nas bases em Manta (Equador), Guantánamo ou na Europa, sobre as quais os EUA têm jurisdição, na Colômbia os soldados norte-americanos não operarão nenhuma base. "Serão bases colombianas, comandadas e operadas por colombianos, nas quais haverá acesso regulado de pessoal americano", o jornalista diz ter ouvido do chanceler colombiano, Jaime Bermúdez.


Uma lei federal dos EUA dispõe que o número de soldados do país estacionados na Colômbia não pode passar de 800 militares e 600 prestadores civis de serviços. No ano passado, havia 71 militares e 400 civis contratados pelos EUA estacionados na Colômbia, segundo Oppenheimer.


Manta


O mal-estar diplomático entre a Colômbia e países como o Equador e Venezuela começou quando os Estados Unidos anunciaram a transferência e o aumento da base de Manta, até então a única Localidade de Operações Avançadas dos Estados Unidos na América do Sul - como são chamadas as bases -, após o presidente Rafael Correa ter anunciado que não renovaria o acordo militar.


Só uma das novas bases da Colômbia – país que possui o maior número de operações  militares norte-americanas na América do Sul –, a instalação aérea de Palanquero, em Puerto Salgar, a cerca de 190 quilômetros ao norte da capital Bogotá, terá dois mil homens, uma série de radares, além de cassinos, restaurantes, supermercados, hospital e teatro.


A pista do aeroporto será a mais extensa da Colômbia, com 3,5 mil metros de longitude e 600 metros de largura, maior que a de Manta, e permitirá a partida simultânea de até três aviões.


O comandante das Forças Armadas da Colômbia, general Fredy Padilla de León, disse hoje (12) que uma comissão viajará a Wanshington neste fim de semana para acertar os últimos detalhes do acordo para instalação das bases no país, segundo informações do jornal El Espectador.


Colômbia


Desde 2000, a presença militar dos Estados Unidos cresceu na região por meio da reativação de bases e aumento do número de efetivos, afirmou Ana Esther. E a Colômbia foi o país onde a ampliação foi mais expressiva.


As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) estão perdendo a guerra, o que tornaria desnecessária a ampliação do acordo militar, segundo Coutinho. “A Colômbia é o país com maior atuação norte-americana”, complementa.


Para ele, o momento escolhido para o aumento da presença militar na última década tem uma clara explicação. “A América do Sul vem progressivamente construindo uma independência dos Estados Unidos, que antes eram uma forte influência política na região. Há um deslocamento, um progressivo afastamento do país, e a criação da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) é uma prova disso”.


A Unasul é uma comunidade política e econômica que congrega 12 países sul-americanos.


Em 2004, com a implementação da Iniciativa Andina Antidrogas, os Estados Unidos expandiram o Plano Colômbia com o objetivo de assegurar a presença militar na América do Sul e, em especial, na Amazônia. Em seguida, o Congresso aprovou a duplicação do número de soldados na Colômbia e aumentou a quantidade de ‘mercenários’ empregados pelas companhias militares, que exercem funções terceirizadas pelo Pentágono. Em 2009, a ajuda militar à Colômbia somará 3,3 bilhões de dólares.


Quarta Frota


A instalação de bases militares não é um fato isolado, mas vem acompanhado de dois fatores, lembra Coutinho. Um deles é o resgate pelo ex-presidente George W. Bush da Quarta Frota – uma divisão da Marinha dos Estados Unidos responsável por operações no Atlântico Sul – feito no ano passado, e o afastamento progressivo dos países da região dos Estados Unidos.


A decisão de reativá-la coincidiu com a descoberta de imensas jazidas de petróleo na camada pré-sal na plataforma continental do Brasil, anunciada em novembro de 2007. Mas a justificativa norte-americana para a retomada da divisão naval – desativada há mais de 50 anos –, foi o combate ao tráfico de drogas, e o desejo de auxiliar em desastres naturais e em missões de paz na América Latina e no Caribe.


Na época, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desaprovou a medida norte-americana, afirmando que “os homens já estão aí com a Quarta Frota quase em cima do pré-sal”.


No Brasil, além da Quarta Frota, há aproximadamente 6.300 militares dos Estados Unidos e soldados de agências terceirizadas contratados pelo governo norte-americano na região da Amazônia, nas fronteiras com Peru e Colômbia. Há também efetivos próximos ao Aquífero Guarani, instalados nas áreas fronteiriças com Argentina e Paraguai. Além disso, o país recebe verba norte-americana para ajudar o Exército brasileiro no combate às drogas.


Outras operações


Além de Brasil, Colômbia e Paraguai, há outros territórios ocupados por operações norte-americanas. Na Argentina, há radares que alcançam o sul do Brasil, e há militares em Puerto Iguazu, na região da Tríplice Fronteira.

O Suriname, Guiana Francesa, Uruguai e Chile recebem auxílio de militares norte-americanos e realizam trabalhos conjuntos. Na Guiana, há um trabalho conjunto com as Forças de Defesa do país, ajuda militar, econômica, humanitária e treinamento.

O Peru tem um grupo de ajuda militar de apoio às Forças Armadas Peruanas, recebe financiamento para o combate ao tráfico de drogas, possui uma instalação em Iquito, radares de grande alcance operados por norte-americanos e pista de pouso próxima à fronteira brasileira, no Acre.

Um comentário:

  1. O Brasil tem demonstrado total incapacidade ao longo de sua existência, tanto no campo diplomático como econômico e administrativo principalmente, atualmente a corrupção e ameça de regimes totalitários pela Sul América oferecem oportunidade de preocupação com a democracia e os Direitos Humanos no hemisfério,Países sul americanos não se apresentam como estáveis econômica e politicamente, ate certo ponto é justa a preocupação norte Americana com seus vizinhos, eles não querem uma coreia do norte no fundo do seu quintal.

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